Vivemos em um tempo no qual nos deparamos com milhares de novas informações por dia, sem contar as outras várias às quais temos acesso através do ilimitado mundo da internet. O maior desafio que enfrentam os estudantes não consiste em conseguir informações, mas sim em filtrar quais são as informações realmente importantes e descobrir uma maneira armazenar de forma eficiente aquilo que se aprende.
Toda e qualquer informação que desejamos armazenar passa por três estágios de memória:
- Sensorial: momento em que a informação é recebida e as informações são registradas em frações de segundos;
- Memória de curto prazo: que é a que dura pouquinho tempo, normalmente apenas enquanto estamos fazendo alguma atividade que tem vínculo com a informação;
- Memória de longo prazo: que é o que nos interessa! É o estágio onde é feito um “registro prolongado” pelo cérebro daquilo que é encontrado de mais importante dentro da memória de curto prazo.
Quando lemos algo, assimilamos e entendemos aquilo ao estágio sensorial, deixamos essa leitura “gravada” em nossa mente ao menos enquanto ainda estamos terminando o texto, já no estágio da memória de curto prazo. Até aqui todos chegamos! O que poucos conseguem é passar ao último estágio, que consiste em transferir esse armazenamento de curto prazo para um lugarzinho da nossa cabeça de onde a informação não sairá tão cedo. O principal objetivo do estudante é fazer com que a matéria estudada chegue nesse estágio tão lindo chamado “memória de longo prazo”.
Como isso é possível? Manipulando nosso cérebro!
Isso mesmo que você leu! O cérebro é que manda no armazenamento de informações, ele é quem decide o que é importante ou não para ser guardado. É preciso, então, mostrar para o cérebro quem é que manda nele! É possível direcionar o cérebro de forma que ele entenda que aquele conteúdo que estudamos é suficientemente importante para ter um lugar na nossa memória de longo prazo. Se ele entender que não é muito importante, vai descartar essa informação.
Não xingue seu cérebro… afinal, ele só quer te ajudar ao fazer essa “limpeza”!
Usar de destaques, aprender músiquinhas (essas que parecem bem tontas mesmo), fazer resumos com cores, repetir em voz alta, explicar para alguém (ainda que seja o espelho), montar mapas mentais, etc, são maneiras de “separar” a informação que importa (para que o cérebro não a descarte).
Além das etapas da memorização, é importante saber que existem dois tipos de locais (vamos exemplificar como se fossem “caixinhas”) onde as informações podem ser armazenadas: a memória semântica e a memória episódica.
- Memória semântica é a “caixinha do conhecimento de mundo”, onde se armazenam informações genéricas, sobre absolutamente todas as coisas que acontecem em nossa vida. Se sabemos informações como a data do nosso aniversário, o nome de nossos colegas de trabalho ou qual é nossa comida favorita, é nessa memória que as temos armazenadas.
- Memória episódica, por sua vez, é a “caixinha da lembrança”, onde se armazenam as informações que guardamos porque as temos vinculadas a momentos ou episódios específicos de nossa vidas. Ao lembrar o primeiro beijo, a primeira viagem internacional ou o dia em que viu o nome no edital é sinal de que sua memória episódica está em ação.
A episódica tem muuuuuita relação com as emoções que você sentiu ao deparar-se com determinado fato ou vivendo ocasiões específicas, já que todos os dias vivemos diversos “episódios”, mas só ficam marcados na memória episódica aqueles que realmente nos despertaram certos tipos de emoções.
E como usar todas essas informações?
Lembra que, antes de entrar nisso de “caixinhas” semântica e episódica estávamos falando sobre ajudar o cérebro a guardar o que estudamos?!
Fazer com que uma informação seja marcante em seu cérebro é só questão de estratégia: quanto mais conseguirmos fazer de nossos estudos marcantes e usar de todos os sentidos para aprender uma nova informação, mais conseguiremos fazer dessa informação marcante e, ao momento da revisão, mais vamos acessar a caixinha da lembrança (memória episódica). Depois de um certo tempo, de tanto fazer revisões que ativam a memória episódica, essa informação deixará de ser um único e exclusivo fato e passará a compor nosso conhecimento de mundo. Percebeu que, nesse momento, aquilo que era lembrança passa a ser conhecimento de mundo? Isso significa que esse é o caminho no qual conseguimos fazer uma transferência da memória episódica para a memória semântica.
Eu sei que parece complicado, mas, na prática, é bem simples: recebemos muitas informações a todo momento. O primeiro passo é conseguir assimilar essas informações (estágio sensorial), momento em que ela já vai ficar guardadinha na memória de curto prazo. Para realmente fazer com que a informação se torne conhecimento, precisamos, antes de mais nada, evitar que o cérebro a apague, ajudando-a a virar memória de longo prazo. Podemos fazer isso ao ativar nosso cérebro na hora de estudar. Usar cores, fazer analogias, resumos desenhados, explicar o conteúdo para outra pessoa vai ajudar com que a informação fique dentro de nossa memória de longo prazo episódica (já que, ao colocar emoção na aprendizagem, ela fica guardada na caixinha de nossas lembranças). Ao revisar diversas vezes essas lembranças, elas deixam de ser só lembranças e passam a compor uma verdade constante para nosso cérebro, não mais um fato ligado a um episódio específico, passando a fazer parte (finalmeeeeente) de nosso conhecimento de mundo!
É fácil? Não, não é. O processo é mesmo complexo (eita máquina elaborada que é nosso cérebro!).
Mas, acredite, ser consciente de como seu cérebro funciona vai ser muito útil para entender como estudar e dar a importância que as revisões merecem. Claro que, para conseguir seguir esse caminho, só com organização…. Mas a Checkmark te entrega a faca e o queijo para isso
Prontos aprender de verdade?
Sucesso e #partiu transformar lembrança em conhecimento!
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