Se você leu nosso último post (esse aqui), entendeu que estudar para concursos é sua profissão. Em sendo sua profissão, é preciso conhecer o que pode te ajudar ou atrapalhar ao momento de exercê-la.

Uma questão que cansa de se repetir entre os estudantes é acerca de ouvir música ou não enquanto se estuda. “Mas não desconcentra?”, “Qual tipo de música ouvir?”, “o silêncio não ajuda a concentrar?”… Calma! Todas essas questões serão respondidas nesse post.

Que tal começar com fundamentação científica?

Um importante estudo internacional organizado pela organização britânica Mindlab colocou em questão os efeitos da música em nosso cérebro, bem como a influência que poderia ter ouvir música enquanto realizando outras atividades intelectuais (como, por exemplo, estudar).

O estudo foi desenvolvido por um físico e um neurocientista, que levavam em conta, em sua análise, a composição da música e os efeitos dos diferentes tipos de músicas nos participantes do experimento.

Dentre os vários aspectos dos resultados encontrados, podemos mencionar os mais consideráveis: 81% das pessoas envolvidas na pesquisa trabalharam mais rápido ouvindo música, enquanto 88% desenvolveram seus trabalhos de maneira mais precisa e cuidadosa (tiveram um trabalho mais bem feito) enquanto ouviam canções.  

Ainda, 9 a cada 10 pessoas tiveram melhor performance na atividade que estavam desenvolvendo ao som de uma boa música!

A música estimula a liberação de dopamina em nosso cérebro, o elemento químico que regula nosso humor e sensação de prazer, gerando melhor desempenho em processos cognitivos, como atenção e memória. Quando nos sentimos bem, tendemos a fazer melhor aquilo que estivermos fazendo, seja limpar a casa, organizar papéis, fazer atividade física ou até mesmo (voilà!) estudar.

Alguns dos participantes ainda comentaram que, enquanto foram submetidos ao mesmo trabalho sem a presença da música, acabaram por se perder em outras distrações que lhes desviavam a atenção (veja o vídeo e entenda mais sobre essa pesquisa e seus participantes clicando aqui).

A conclusão final foi de que ouvir música torna as pessoas mais produtivas, mais rápidas em reagir, com maior capacidade de socialização e também mais felizes.

Ou seja, tudo de bom para desenvolver atividades acerca das quais você já tem controle. Prestou atenção na última parte parte ? Exatamente: para o caso dos estudantes os efeitos da música são interessantes na hora de resolver exercícios, fazer revisões, organizar a rotina e outras tarefas que se relacionam diretamente com a nossa memória e, por serem repetitivas, tendem a ser feitas com menor atenção (já mencionamos que a música eleva o nível de atenção e concentração).

O papel do silêncio

Outro estudo a ser considerado é o realizado pela Universidade de Wales, que tem por conclusão que, muito embora a música tenha efeitos benéficos para grande parte das atividades, quando o cérebro necessita de um maior nível de concentração (ao aprender algo que ainda não sabe, por exemplo), o recomendado mesmo é o silêncio.

A pesquisa mostrou que, ao ouvir música, os participantes realizavam tarefas de elevado grau de complexidade com pior performance.

Sabendo dos benefícios da música, no entanto, o pesquisador Nick Perham, que dirigiu a pesquisa em Wales, aconselhou como interessante ouvir música antes de desenvolver tarefas mais complexas, assim podemos nos beneficiar das vantagens da dopamina e, ao momento de desenvolver as tarefas mais desafiadoras, deixar o cérebro usar do silêncio para focar mais eficientemente.

Ok. Conclusões importantes:

1. A música é nossa amiga quando tratamos daquilo que já conhecemos e vai nos ajudar a lembrar melhor das coisas e elevar nossa atenção para atividades que já consideramos batidas.
2. O silêncio é nosso melhor amigo no momento em que precisamos nos concentrar mais para aprender coisas novas. Podemos, no entanto, ouvir uma musiquinha antes de começar o processo, para incentivar o nosso cérebro a liberar dopamina e “ficar mais animado” na hora de aprender.

Mas qual música ouvir?

Agora que já sabemos diferenciar os momentos adequados para ouvir música ou ficar em silêncio, outro tema é importante: podemos ouvir qualquer música? Ou tem alguma indicação específica?

Nada nessa vida é aleatório! É óbvio que cada tipo de música serve para uma situação, sabemos disso até em nossos momentos de lazer… Ou alguém aqui acha adequado ouvir música clássica na balada, gospel no churrasco, rock em festa infantil ou sertanejo na igreja? Cada música tem sua função social por conta do efeito psicológico que gera em nós.

Para aumentar os níveis de produtividade, aposte em música ambiente, sem vocal. A fluidez desse tipo de música faz com que seu trabalho seja também mais fluido. A música ambiente é moderada, equilibrada e estimulante na medida certa. Sem parar para prestar atenção no significado da letra, você poderá manter um ritmo constante e harmônico de trabalho, além de incentivo para ser mais criativo e resolutivo. Artistas instrumentais são uma excelente opção. Já conhece The Piano Guys? Também é uma ótima Jazz instrumental. Na dúvida, digite no YouTube “música ambiente” que aparecerão milhares de centenas.

Para quem se distrai com muita facilidade: sons da natureza ou os famosos “noises” (white noise, pink noise e quantas mais classificações de “noises” existirem). O segredo desse tipo de “música” é sua capacidade de “preencher a mente”. Ouvir os sons da natureza não tem muito segredo, é só buscar cantos de pássaros, cascatas, sons de florestas… se os sons da natureza te derem sono, os sons artificiais gerados são excelentes opções. Cabe salientar, no entanto, que usar white ou pink noises exige uma fase de adaptação (no começo vai ser estranho mesmo). Outra solução legal é o som ambiente mesmo (note que é som ambiente, não música ambiente). Existe um App famoso, chamado Coffitivity, que simula o som de uma cafeteria que vem sendo utilizado e aprovado por muitos estudantes.

Quando quiser maior velocidade e desempenho: se estiver estudando com prazos ou querendo acelerar algum tema específico, a música pop é sua maior aliada.

Se precisar usar dos dotes matemáticos, aposte em música clássica. Os amigos Beethoven, Bach, Mozart e companhia o ajudarão a despertar o lado mais matemático de seu cérebro. Existem, inclusive, estudos acerca do aumento de capacidade de raciocínio lógico enquanto se ouve música clássica (leia mais sobre “The Mozart Effect”).

Quando o objetivo for manter o foco nos detalhes, ligue ritmos dançantes e mais alegres. Esse tipo de som ajudará a manter seu cérebro ativo e detalhista.

Tendo todas essas informações, é hora de testar! A verdade é que tudo que foi escrito aqui teve por base experimentos científicos, poréeeeeeem somos criaturinhas extremamente individuais e únicas. Compensa testar essas informações na prática e, exercitando autoconhecimento, colocar na rotina aquilo que realmente funcionar para você.

E aí? O que acha de “dançar conforme a música”, parar de reclamar dos estudos e usar novos mecanismos (como os sons) ao nosso favor?!