Sempre me considerei uma pessoa noturna. Meus picos de produtividade eram sempre durante a madrugada: estudar, limpar a casa, organizar a agenda…
Como trabalhava durante a tarde e fazia faculdade na parte da noite, dormia 3h ou 4h da manhã, podendo me dar ao luxo, se assim desejasse, de acordar 10h. Fazendo as contas? Dormia durante aproximadas 6h. “Está ok… a maioria das pessoas dorme isso ou até menos por noite”, pensava.
A única diferença é que metade de meu sono se dava durante a noite, metade durante a luz do sol. Tentar dormir cedo e acordar cedo nem passava pela minha cabeça.
Quando mudei minha faculdade para o período da manhã, foi um sofrimento a fase de adaptação. Mas não demorou muito para perceber que meu dia rendia MUITO mais quando eu despertava junto com o sol. Embora eu estivesse dormindo pela mesma quantidade de horas que antes, me sentia com mais energia, mais disposição, conseguia ser mais disciplinada e, em geral, mais produtiva. Conversando com uma amiga que estuda medicina e é encantada pelo funcionamento do cérebro, pude entender melhor porque isso acontecia.
Ela me explicou que os seres humanos (e a maioria dos animais) encontram-se sincronizados com o ciclo circadiano, que influencia nosso corpo e a maneira de funcionamento do nosso cérebro. Esse ciclo se determina, principalmente, por influência da luz solar.
Aí vem a parte científica…
Nos humanos, a retina, parte de nossos olhos responsável por formação da imagem, possui as chamadas “células ganglionares”, que são células fotossensíveis (sensíveis à luz). Essas células possuem um pigmento chamado melanopsina, que, quando exposto ao sol, envia sinais para o núcleo supraquiasmático (parte minúscula do hipotálamo que trabalha como “relógio encefálico”, sendo considerado o “relógio mestre” de todos os outros relógios que temos em nosso corpo). O núcleo supraquiasmático, por sua vez, libera ondas que levam informações para a glândula pineal, que virá a liberar a melatonina. A melatonina todos conhecemos, né?! O hormônio que controla o sono.
Então a ordem seria mais ou menos essa:
Conclusão?
A luz solar é a “bússola” da qualidade do nosso sono. Durante a noite, a ausência de luz solar incentiva os picos de melatonina e garante que nosso sono seja de qualidade, nos faça realmente descansar, ter sonhos, ativar o armazenamento de informações na memória, entre outras coisas.
O ponto principal é esse: quem dorme durante o dia, bagunça o funcionamento desse sistema, tendo descanso de menor qualidade e levando, a longo prazo, a sérias consequências biológicas.Para você que ainda tinha dúvida, que fique esclarecido que dormir pela noite é essencial para a alta produtividade.
Claro que cada realidade é uma e, em alguns casos, por questões de trabalho, por exemplo, fica impossível que o horário de sono esteja regulado. Mas se, no seu caso, é possível escolher o horário de sono, já te digo que poder ter boas horas de sono no período noturno é um grande aliado para o bom desempenho de suas funções cerebrais.
Isso tudo, sem contar que, com o relógio biológico regulado com o tal do ciclo circadiano (período de aproximadamente 24 horas sobre o qual se baseia o ciclo biológico de quase todos os seres vivos, sendo influenciado principalmente pela variação de luz, temperatura, marés e ventos entre dia e noite), temos maior controle de nosso foco, concentração, disciplina, atenção e, consequentemente, produtividade e felicidade.
Fiz um vídeo com a Isabela (a amiga acadêmica de medicina que comentei acima), que me explicou todas essas coisas e outras tantas acerca dos efeitos e consequências do sono. Clique aqui para dar uma olhadinha nas outras informações acerca do tema que estão exclusivamente no vídeo.
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